sexta-feira, 11 de junho de 2010

a mais princesa das prendas







escrevendo o que bater na telha, na calha,
nos canos da contra-invenção
Contra tudo e contra nada segue esse burro,
esse jovem senhor,
esse demónio de asas de cristais líquidos,
esse deus que pouco conhece o mundo das formigas

fértil e infértil é o solo das bacantes
que andei capturando com a ajuda das espadas
e dos bambus daquele filme oriental
( em que os espadachins voavam sobre o mar,
sobre a copa das árvores
e sobre as cucas dos que ligam e desligam
a TV antes e depois do sono

e eu que sou muito louco,
e eu que sou hiper lúcido
sei de nada, sei de tudo...
apenas acompanho as nave
que se lançam das canções que ouço
as seis e treze da manhã
para os céus dos que vão para o trabalho
e para os que nunca nada fazem

você acordando, eu indo dormir,
pensando copiar nos papéis de meu rosto
o tudo e o nada que existe no rosto
e no cerebelo barba e cabelo
de Hermeto Pascoal

cabelo de gente, cabelo de milho,
coentro, alho e azeite de oliva argentino
também são partes colantes desse poema despreocupado

eu ouço os mestres da canção...
Arnaldo Antunes... Ednardo... João Donato...
sergio sampaio... evinha... erasmo carlos...
betânia... taiguara
e toda uma gama de sonâmbulos como eu

tico santa cruz e glad azevedo
aparecem (porque quero)
nas curvas das luzes,
nos junhos janeiros
do meu sono fugitivo

mas juro dormir com a receita
do psiquiatra sob o travesseiro,
com uma bola tarja preta relaxante
de neurónios atarefados

você quer ser poeta?
preste bastante atenção nos movimentos
que faço por conta de tal ação,
veja se vale

totalmente social,
totalmente anti social...
filho de tudo,
filho de nada,
filho de ave,
filho de puta

desejo minha irmã,
desejo tua irmã,
desejo você

nada e tudo quero com você, com ele, com ela...
nus pintados de azul
na festa da música de Nice...
de Canela...
( e lá caminha Amanda Ruppenthal,
a mais princesa das prendas)

(edu planchêz)

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