segunda-feira, 24 de maio de 2010

que ninguém busque compreender o que aqui arranho





escrever é o que faço para manter firme
os pinos que sustentam a mente,
escrever me faz uma pessoa melhor,
um simples lavrador de hortaliças,
caboclo fazedor de esteiras,
índio construtor de canoas

escrever me põe em contato
com as elásticas fontes de energias,
me cobre de centelhas,
rabisca meus corpos sutis
com uma espécie de giz angélico

o escritor em mim trafega, ele é patinete,
foguete, charrete, avião,
pássaro, motocicleta

escrevo, e esse ato desencadeia no mundo e em mim
ásperos e sublimes sentimentos

que ninguém busque compreender o que aqui arranho,
pois, nenhum significado tento deixar
por essas páginas sibilares

acho que a escrita são asas,
borboletas viradas em flores de morango,
andorinhas amontoadas sobre a árvore de Bodhi

(edu planchêz)

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