sexta-feira, 7 de maio de 2010
TENHO QUE CHORAR ( PORQUE SOU POETA)
"O poeta: esgota todas as formas de amor, de sofrimento, de loucura; ele procura ele mesmo, ele esgota neles todos os venenos para só guardar as quintessências. "
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Eu tenho "um sapato novo no lixo",
uma mala cheia de cobras corais e jararacas
de baixo da cama
(dentro da alma de carvão e urânio),
e também um armário de repleto de unhas de José Mojica Marins...
Bata na minha porta agora com aquele tonel de absinto,
com uma caixa de charutos
(dos que falam Rubem Fonseca),
com um exemplar de "Subterrâneos" do velho Jack
guardado no lado leste da bunda
traga a alavanca que faz a ponte desse mundo
se unir aos unicornios dos contos
de Hans Chistian Andersen
Traga também aquela negra linda,
aquela que Jack namorou sob os olhares
daquele corredor mal iluminado
da velha cidade que não mais existe,
dos sonhos que foram trocados
por notas mal assombradas
Tenho que chorar (por ser poeta)
por essas histórias que vivi e nunca vivi,
porque a vida de hoje anda tão sem carne,
fria, sem os irmãos das "tragédias",
sem os absurdos dos dias de chuva
de sax e trumpett,
das trovejantes guitarras
de cogumelos falantes
Deixa eu sentir saudades, de você, dos doces,
dos beijos que trocamos e nunca trocamos,
dos orgasmos que nunca repartimos e repartimos,
das ruas carregadas de neblina azul
onde os carros se confundiam com os postes
de ofuscadas luzes
(edu planchêz)
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