Roberto Piva dentro de uma cápsula androgina

(para João Luiz Coruja Mor)


Roberto Piva dentro de uma cápsula androgina
pairando nas camadas duêndicas
das centopéias astrais supra humanas

Cada pedaço de lança que arranco
das ruas das cochas, é ele,
é Jorge Mautner e Arrigo Barnabé,
é Nijinski vestido de Luz del Fuego
sobre os dez vendavais de Brasilia

Por toda a extensão desse campo,
desses heróis do descambo,
semeio pelos ares das escolas
e pelas caras das crianças rubis
os sinais abrasivos do sonho e do sono

Roberto Piva monta no campo energético do gavião
e se funde aos Naguáis formados pelo vento
e pelas cavernosas cavidades do pênis

É de leite e de sangue
esse poema ode ao desmemorial,
ode aos que não geram estátuas,
aos que pussuem como troféus
"as pedras pisadas do cais"

Eles( nós) não cavalgamos(e cavalgamos)
no cavalo do medo
porque em nossa leonidade
abominamos a tal covardia
dos que não atravessam as ruas
do inconsciente por temerem
tocar na vagina alagada da morte,
no caralho do tempo mágma

Ser poeta é mover-se
nos líquidos das pedras líquidas,
nas ventanas do cavalo,
na latitude do escorpião,
nas mais belas montanhas
pisando em cogumelos vivos
e espinhos de ouro,
em fadas e demônios fálicos

Se vier até onde estamos certamente
passará pela floresta negra
antes de morder os venenosos frutos de Macondo,
antes de vosferar as cantigas de Hedrix
diante dos olhos felinos da cobra
mãe de todas as caçadas

( edu planchêz)