sábado, 1 de maio de 2010
André Breton nunca morreu
"A poesia é a orgia mais fascinante ao alcance do homem".
(André Breton)
Arte de furar o chão e receber do centro da Terra o vapor
que arrasta a voz de todos os que soltaram de seus sangues
o espírito do nunca morrer
André Breton nunca morreu
porque pequena é a morte
para os que se abrem mais que os girassóis
presentes na mente do sol
Eu nunca conhecerei a morte,
jamais hei de deixar de habitar
a membrana ténue que cobre
tuas faces nas noites quase manhãs
Eu sou filho dos mestres da loucura,
ser desvairado arrancando mundos
das manchas nas paredes,
e dos fiapos dos sonhos de Artaud
Eu falo todas as línguas
mesmo sem nunca aprende-las
porque as tenho entranhadas
nas pedras que são meus ossos
Um homem de pedra,
não mais que isso almejo
por dentro desse dia inacabável,
pelas pétalas dessas margaridas revigorantes
Agora o que eu disser será gelo derretido,
espuma desfeita no vento,
fogo apagado por você
(edu planchêz)
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