quarta-feira, 5 de maio de 2010

ALGO SEM ROSTO




patino nas esfumaçadas cinzas da angustia:
nos dizeres de Octávio Paz,
é o nascedouro de todas as invenções,
das cilíndricas epopeias,
dos cantos de amor,
das saudades e dores de ter nascido,
de estar nascendo,
de estar morrendo
de cruzar o liâme da tênue linha
divisora dos ciclos, das eras,
das tradições, da extinção das tradições,
da totalidade, da falta de tudo

encontrar, arranhar palavras nos paredes dos abismos
( se é que abismos possue paredes)

eu possuo paredes, superfícies ásperas e lisas
e uso o corpo ( o copo) do poema
para aglutinar ou desdenhar
desse bichinho que fica nos roendo aqui
na altura do peito,
ele se parece com lágrima petrificada,
presa, trancafiada por algo sem rosto

(edu planchêz)

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