quinta-feira, 1 de abril de 2010

Um dia hei de nascer numa das ruas de Paquetá






Dizem que sou um grande poeta,
mas minha grandeza não passa de cinquenta reais,
e alguma luas, e algumas estrelas,
e alguns beijos roubados

Grande em quase nada,
peixe sou na vazante maré,
no destampar do vinho,
no primeiro gole lilaz que desce
cantarolando as canções que eu mesmo fiz

Um grande poeta que mora no Brasil
de pouco ou nada serve,
para que servem mesmo meus escritos?

Tantos anos amarrado nas carolas das dálias
em nome de um tudo nada
para apenas ficar mirando o céu

O maior de todos os prêmios que recebi
foram os teus beijos,
o sabor oleoso de teu sexo oliva

As ruas me conhecem,
eu conheço as ruas,
e suas pessoas...
escolhi o centro do Rio de Janeiro para morar,
minha terra natal,
terra de meus amores de criança...
Manoel Bandeira morou aqui perto,
num beco ali na frente,
comprava seu leite
na certa na mesma padaria
que eu hoje compro o meu

Meus filhos e amores, são esses versos,
essas árvores centenárias,
esses rios submersos,
essas maças

Um dia hei de nascer numa das ruas de Paquetá

( edu planchêz)

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