sexta-feira, 23 de abril de 2010

sou um homem escalador de montanhas, engolidor de abismos, de céus e fogueiras


Para que quero saber do futuro,
"se o futuro é hoje e cabe na mão"?

Por que e para que um dia pus os pés
na linha da poeira e do vento?
Estaria acomodado com certos confortos,
ou tenho mesmo pleno direito de desfrutar
os frutos de toda uma existência
de escritos e escrituras?

Junto pedrinhas, fragmentos de coisas
com nome e sem nome...
preguei meu corpo nas madeiras
dos corpos dos eternos amores

Amei e amo tanto,
mereço as novas praias do tempo
que entram pelas janelas
da aurora e do crepúsculo

Mereço o ápice de toda a felicidade,
esse alguém sou eu mesmo,
com todos os ossos emendados,
com todos os verme mortos
emparedados no subconsciente do sangue que tenho,
do sangue que herdei dos que já se foram,
dos que aqui estão,
dos que ainda estão sendo preparados

aqui me entrego e me confesso,
amei, amo muitas mulheres,
admirei um homem que fora exímio pintor

escondo apenas a sola
dos pés ao andar,
simples vivo,
nem tenho mais provado a fome e a sede

o mundo,
as pessoas sempre foram generosas comigo,
sou acolhido, sempre há um cobertor,
uma prato, uma sopa, um remédio,
uma boca que aceita meu beijo

sou um homem escalador de montanhas,
engolidor de abismos,
de céus e fogueiras

(edu planchêz)

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