sábado, 22 de maio de 2010

Mastigo a laranja das vidas que dormem




Mastigo a laranja das vidas que dormem,
mastigo os fênomenos da nossa dança
ultrapassando os arcos formados por nossos corpos
e o corpo dos livros ultrajantes

Sigo a cena das quatro e treze da madrugada
sem nada ouvir e ouvindo tudo,
principalmente as batidas balsâmicas de teu coração,
de nossos corações altares de crianças e anjos imantados

Me vejo numa roda coroada
por milhares de raios violetas,
por perfeitas estrelas,
por belas moças vestidas de vento

Esse é o canto da fria madrugada de um Rio de Janeiro
sem portas e janelas,
madrugada de naves loucas e lúcidas,
madrugadas minhas e tuas

Mas grande mesmo é meu pai,
com ele aprendi admirar as teclas negras do piano
e as esvoaçantes cortinas das noites e dos dias

Meu reino pequenino cabe na menor das células
do universo visível invisível

E eu ouço as canções que "eles" fizeram
para mim para você,
falo de todos eles, de todas elas,
dos entregues ao construir

Escrevo na pauta do céu
as semi-breves e as colcheias
do que ouvirás nesse dia mais que noite,
nessa manhã mais que tarde

(edu planchêz)

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