sábado, 15 de maio de 2010
cortantes estrelas de Michelangelo
Mesmo que você não leia,
mesmo que ninguém leia,
subo no poste,
no mastro da bandeira livro,
no fio de cabelo que nos prende ao pincel
que pinta com mestria
no papel celeste as andorinhas
das cortantes estrelas de Michelangelo
Vivo e morro pela arte vítrea
que se perde e se acha
no corpo do homem e da mulher
Diante do desastre que uma gota de lágrima
causa nas pétalas da flor ainda invisível
(por não ter sido por essas mãos rabiscada),
prendo-me à tua pele,
à pele dos bisões
e dos bois
dispersos nas telas
do pintor que ora aprecia
um jato de café, um naco de tinta,
a folha torta serena e seca
Reparto os dedos, a janela,
as colantes mensagens
deixadas pelo tempo do que penso,
do que pensas
retiro do bolso direito o mundo
e todas as suas guerras,
com todos os luminosos....
e os mil deveres que precisamos
todos cumprir
usando a destreza de um tecelão,
alinhavo cada palavra,
cada bago de fruta...
ao corpo, ao meu corpo,
ao teu corpo
que ora dança
com o maior de todos os bailarinos,
com a mais graciosa das ciganas
Assim a arte que andava em mim cansada
obtém força para abrir as portas
da Torre do Tesouro
e dispersar, diluir
o demonio das agonias
(edu planchêz)
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