domingo, 22 de março de 2009

POETA RECONSTRUÇÃO



Um segredo oculta-se
nos nódulos da semente de tangerina
que repousa em minha frente

Um segredo oculta-se no homem vivo
que por hora distancio-se das ruas
(vozes do Mestre tempo)
( O mestre tempo um dia há de revelar...)

Digo que ainda correrei ruas com meus pés kerouac
Se sou segredo, revela-me Senhora carruagem dos séculos!!!
Revela-me para que meu filho tão nosso
conheça meu rosto maduro

Os pés de pimentão crescem,
creio também crescer
aqui dentro do claro ovo
Filho, resta-me ouvir uma canção
enquanto a espera nos ronda

Entregue permaneço tentando
captar o que quer de mim
os braços do planeta
Aposto na gema criadora,
não há mais em que mais apostar
Eu, criatura criatura reduzida
para atingir o centro
do abraço atmosférico


Perto está o dia das ruas
espalharem o teor dessas letras
pelos tímpanos apropriados

Preciso dizer ao papel o que almejo
Rabisco nos cadernos em traços tremidos
meus mapas interiores

O que andei aprendendo mastigando leões?
Saberia responder?
Deixe-me pensar...
De onde mesmo vem os pensamentos,
viriam dos cabeçotes dos dedos
ou das moendas da televisão?

Garanto continuar ávido de soluços,
e isso é tudo
O índio concertista ( que sou)
sobrevive a todas as borrascas sobre humanas
Bem sei que o centro da minha espinha
não passa de um tronco robusto
de um carvalho equatorial

Amazônias zunem aflorando
em meus teus riscos rios mãos naturais

(edu planchêz)
1991

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